KDE: Uma visão geral deste gerenciador de Janelas Open Source
André L. Rodrigues
Analize e Suporte Técnico em Informática
dba.andre@gmail.com

1 - OBJETIVO:

Este texto tem como objetivo apresentar a Interface Gráfica KDE e identificar seus principais pontos fortes e fracos, em comparação com a interface gráfica do Windows.
Será apresentado uma série de características deste gerenciador de janelas, como a sua interface gráfica, seu pacote de ferramentas, sua fácil interação com o usuário e principais vantagens e desvantagens em comparação com os gerenciador de janela do Windows.

2 - PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO KDE

O KDE (K Desktop Environment) é um gerenciador de janelas de código fonte aberto (significa que qualquer um pode alterar o código fonte para adaptar a suas necessidades) lançado em julho de 1998 na cidade de Arnsberg, Alemanha e tem seu desenvolvimento mantido pelo Time KDE, uma rede mundial de engenheiros de software comprometidos com o desenvolvimento do software livre (Linux e Free BSD). Teve como base de desenvolvimento o gerenciador de janelas CDE, um gerenciador de janelas desenvolvido para trabalhar em sistemas SCO (Unix).


Esta é a imagem do KDE 1.1, rodando num Linux Caldera em um Pentium 166 com 64 Mb RAM.

Sua distribuição atual está na versão 3.4.x.

3 – BENEFÍCIOS DO KDE

O KDE possui inúmeros benefícios, pois é um gerenciador de janelas robusto, intuitivo e funcional, tem suporte a vários idiomas (incluindo Português do Brasil), um incrível pacote de programas integrados (também open source) e constante desenvolvimento e atualizações.


Imagem do KDE ao ser iniciado

O KDE tem versões pré-definidas para cada sistema GNU/Linux. Seu site disponibiliza estas versões pré-definidas para download em www.kde.org/download/. Por ser open source, o download é gratuito.
Entre os aplicativos integrados ao KDE, citamos o Konqueror, um navegador web com ferramentas para e-mail, edição de sites e navegação de pastas/arquivos, KIO Network Transparency, plug-in que oferece suporte para acesso e navegação de arquivos compartilhados em redes Windows/Linux por NFS e SAMBA, o KOffice, uma suíte de programas para escritório, o K3B, uma ferramenta poderosa para cópias e gravações de CDs e DVDs, aRts Multimedia Architecture (Analog Realtime Synthesizer / Sintetizador analógico em tempo real) que oferece um sistema de áudio incluindo filtros, mixer e outras funções de áudio, suporte a arquivos de vídeo (inclusive formatos da Microsoft) entre outras funções mais de interatividade, acessibilidade e coisas mais.


Navegador Konqueror, navegação na internet


Navegador Konqueror, navegação em arquivos

O gerenciador de janelas KDE também pode importar aplicativos integrados de outros gerenciadores de janela, desde que estejam instalados no mesmo computador. Se o usuário preferir, pode executar estes programas importados como utilitário padrão do sistema. É o caso do Ximian Evolution, um gerenciador de e-mails com interface gráfica muito semelhante a do Microsoft Outlook (o que facilita ainda mais os usuários que planejam migrar de sistema), Blue Fish, uma aplicação para o desenvolvimento de sites e aplicações web (semelhante ao Dreamweaver da Macromedia para Windows) ou o GNUCash, um software utilizado para aplicações financeiras. O recurso de importação vale também para outros gerenciadores de janelas open source, significa que um determinado usuário poderá utilizar um outro gerenciador de janelas como padrão do sistema (por exemplo, o GNOME, Black Box ou Window Maker) e utilizar as aplicações do KDE.


Ximian Evolution, o gerenciador de e-mails padrão do GNOME com interface gráfica muito semelhante a do Microsoft Outlook, rodando em KDE.


Blue Fish, um editor HTML do GNOME, rodando em KDE

Um outro recurso bastante interessante do KDE é a sua personalização, cada usuário do sistema pode configurar (afrescalhar) o KDE da maneira que achar mais funcional e/ou atraente, criando atalhos e modificando seus menus. Este é um recurso que todos os gerenciadores têm, mas o KDE permite que sejam feitas configurações ainda mais simples ou complexas com uma ferramenta chamada kpersonalizer (que modifica drasticamente o ambiente, podendo deixar ele com a cara de gerenciadores como o Mac OS 10 ou mesmo do Windows9X / XP) e pode gerenciar até 16 ambientes de trabalho simultaneamente, dependendo das necessidades de cada usuário do sistema.


Kpersonalizer, configuração do ambiente de trabalho alterada da maneira que o usuário achar mais conveniente

Fora os benefícios comentados, podemos citar também que o KDE é um gerenciador de janelas que funciona em diversas plataformas (Linux, Sparcs e Free BSD).

4 – DEFICIÊNCIAS DO KDE

Como qualquer gerenciador de janelas, o KDE ainda deve em alguns pontos. O KDE ainda não pode fazer o gerenciamento de usuários simultaneamente como é o caso do Windows XP, não tem um guia de ajuda rápida que seja de simples entendimento ao usuário que migra de sistema e não tem a tradução de todos os textos apresentados ao usuário traduzidos em 100%.


Centro de Controle do KDE, uma espécie de “Painel de Controle” para Linux. O Guia de Ajuda não tem uma ajuda rápida e sua tradução não está em 100%


Note que nesta janela, “quase” todo o texto está traduzido. Isso acontece com todas as outras linguagens que o KDE dá suporte.

A alteração de seus menus também não é das mais agradáveis, dificultando um pouco o usuário inexperiente que pensa que vai conseguir fazer isso apenas clicando em cima do ícone a ser alterado e arrastá-lo para onde deseja. É preciso utilizar uma ferramenta de personalização de menus que dará suporte a alteração dos menus do KDE.


Alterar os menus no KDE não é tão simples como no Windows, pois precisa desta ferramenta para que se alterar os menus. Meio complicado no início, mas com calma se conserta.

Um outro ponto fraco reconhecido até pelo time de desenvolvimento do KDE é a falta de suporte ao se instalar uma determinada aplicação. Seria o problema com “dependências” de bibliotecas de arquivos (conhecidas no Windows como dll) e a deficiência de algumas aplicações não terem seus respectivos atalhos logo após a instalação, tendo que ser feita manualmente pelo usuário ou Administrador do sistema.


A instalação de alguns programas também é uma tortura para o usuário que está migrando. O KPackage pode auxiliar a instalar pacotes RPM no seu sistema, caso alguma dependencia esteja faltando, poderá fazer o download desta dependencia que será informada pelo sistema.

5 – CONFIGURAÇÕES DE HARDWARE SUPORTADAS

As primeiras versões estáveis do KDE eram bastante simples, com poucos recursos (se comparados com os recursos das versões mais atuais) e poderiam ser instalado em computadores Pentium 100 com 32 Mb RAM. Com o passar do tempo, das atualizações e correções, o KDE se tornou um sistema relativamente pesado, tendo em vista que ele é mais funcional em computadores com mais de 700Mhz e no mínimo 128 Mb RAM, embora não se tenha nenhum tipo de recomendação em específico relatada pelo time de desenvolvimento, seja no site oficial, fóruns, etc. Porem, podemos verificar os requisitos mínimos de sistema de acordo com as distribuições de mercado. Embora toda distribuição Linux tenha um requisito mínimo recomendado para a sua instalação no sistema, cada distribuição vem com seu pacote de ferramentas e configuração por padrão de quem faz a distribuição. Por exemplo: o Conectiva Linux 10 funciona com KDE 3.3.x e seu requisito mínimo é de 700Mhz e 128 Mb RAM. Por outro lado, uma distribuição Fedora 3 requer no mínimo um processador acima do 2 Ghz e 256 Mb RAM.
Em compensação, seu uso em disco é pequeno (levando em conta o enorme conjunto de pacotes) podendo chegar a apenas 300 Mb, dependendo da distribuição.

6 - COMPARAÇÃO COM A GUI DO WINDOWS

Por ser um gerenciador de janelas altamente configurável, o KDE chega a rodar em menor velocidade se compararmos ele ao gerenciado de janelas do Windows 2000 Professional e na mesma velocidade de um Windows XP com o recurso do Active Desktop habilitado, o que o torna pesado em relação ao Windows, mas se tratando de funcionalidade, o KDE é disparado melhor que o gerenciador de janelas do Windows por causa dos pacotes de aplicativos que o acompanha e sua estabilidade.
Fica no empate com o gerenciador de janelas do Windows se avaliarmos sua facilidade para o uso no dia a dia e por ser tão intuitivo quanto ao gerenciador de janelas do Windows.

Bibliografia/referências utilizadas

Para a realização deste trabalho, foram consultados os sites:
www.kde.org
www.kde-look.org

Como referência, utilizei o KDE 3.3.2 e 3.4.1 rodando numa distribuição Conectiva Linux 10 e o KDE 1.1 rodando em um Linux Caldera.

Muito obrigado ao amigo Anderson pela oportunidade de publicar este artigo... Up the Linux!